Para superarmos a condi\u00e7\u00e3o de um pa\u00eds t\u00e3o desigual, a quest\u00e3o racial \u00e9 certamente um dos temas que precisa, de maneira urgente, receber toda a dedica\u00e7\u00e3o! Atualmente, mais da metade (50,7%) da popula\u00e7\u00e3o brasileira \u00e9 negra. Mais de 70% dessa parcela vive em situa\u00e7\u00e3o de extrema pobreza. As pessoas negras representam 71% das v\u00edtimas de homic\u00eddio e 61,6% da popula\u00e7\u00e3o carcer\u00e1ria. Um jovem negro \u00e9 assassinado a cada 23 minutos no pa\u00eds. 65,3% das mulheres assassinadas no Brasil e v\u00edtimas de agress\u00e3o s\u00e3o negras.<\/p>\n
![\"\"](\"https:\/\/voluntariadoempresarial.org.br\/wp-content\/uploads\/2021\/05\/13-de-maio-2-300x122.png\")
<\/p>\n
Compreender que existe desigualdade por conta da cor da pele, e aceitar que existe o racismo, \u00e9 o primeiro passo para buscar uma equidade racial. A aboli\u00e7\u00e3o da escravatura no Brasil, aconteceu em 13 de maio de 1888, h\u00e1 mais de 130 anos, mas diferen\u00e7as sociais e econ\u00f4micas entre negros e brancos continuam enormes. Mesmo os negros serem a metade da nossa popula\u00e7\u00e3o, ainda s\u00e3o minorias nos cargos mais importantes de empresas e nas salas de aulas das universidades, tanto como alunos e certamente tamb\u00e9m como professores. Temos ainda poucos negros ocupando espa\u00e7os de poder e muitas dificuldades de acesso e desenvolvimento no mercado de trabalho.<\/p>\n
As oportunidades s\u00e3o absurdamente distintas, diferentes. Incluir o tema da diversidade racial nas empresas \u00e9 fundamental. Isto fica bem claro no estudo, Black In – Como Engajar as Empresas com a Diversidade Racial, da Santo Caos, onde especialistas, gestores de RH, indiv\u00edduos comentam, opinam em como conectar pessoas e empresas ao tema da equidade racial.<\/p>\n
Estrategicamente o voluntariado empresarial pode ser ferramenta para promover a equidade e o conhecimento e posicionamento sobre o tema. Pr\u00e1ticas de voluntariado fortalecem as iniciativas promovidas por organiza\u00e7\u00f5es negras ou lideradas por negros, fomentam o empreendedorismo, e promovem a quebra de um paradigma de que no Brasil exista uma conviv\u00eancia harmoniosa entre todas as ra\u00e7as e que n\u00e3o existe racismo. Sabemos, n\u00e3o s\u00f3 pela observa\u00e7\u00e3o, mas tamb\u00e9m por dados e pesquisas isso \u00e9 um mito. Ainda temos uma sociedade preconceituosa e ainda buscamos solu\u00e7\u00f5es paliativas.<\/p>\n
A Consultoria Santo Caos vem trabalhando e estudando engajamento, e mapeando ao longo do tempo as diversas vari\u00e1veis que impactam no engajamento dos empregados com as empresas. Algumas s\u00e3o previs\u00edveis: sal\u00e1rio, benef\u00edcios, comunica\u00e7\u00e3o, lideran\u00e7a etc; outras, nem tanto.\u00a0 \u00c9 o caso, por exemplo, da diversidade racial e do voluntariado corporativo.<\/p>\n
Em 2017 realizou um estudo que recebeu o nome de Al\u00e9m do Bem. A investiga\u00e7\u00e3o trabalhou sobre a hip\u00f3tese de que os volunt\u00e1rios s\u00e3o, pessoas mais engajadas que a maioria. Afinal, fazem o que fazem sem nenhum tipo de remunera\u00e7\u00e3o. Mas ser\u00e1 que isso se reflete no engajamento com a empresa? As descobertas mais relevantes do Al\u00e9m do Bem mostraram que n\u00e3o somente o volunt\u00e1rio se desenvolve com as a\u00e7\u00f5es que participa, em uma rela\u00e7\u00e3o mais de troca que de doa\u00e7\u00e3o, e que envolve aprendizado, empatia, desenvolvimento de compet\u00eancias. \u00a0Mas tamb\u00e9m que ao participar de a\u00e7\u00f5es de voluntariado pela empresa existe um ganho, em m\u00e9dia, de 16% do seu engajamento com a corpora\u00e7\u00e3o onde trabalha, em rela\u00e7\u00e3o aos n\u00e3o-volunt\u00e1rios. Por coincid\u00eancia ou n\u00e3o, no estudo Black In que contou com a importante colabora\u00e7\u00e3o da Faculdade Zumbi dos Palmares, 16% tamb\u00e9m foi o aumento m\u00e9dio de engajamento observado nos empregados (negros e n\u00e3o-negros) de organiza\u00e7\u00f5es que valorizam a diversidade racial, em compara\u00e7\u00e3o com as que n\u00e3o a praticam.<\/p>\n
O que \u00e9 poss\u00edvel encontrar de ponto convergente entre essas relevantes descobertas \u00e9 que tanto o voluntariado quanto a diversidade, sejam de ra\u00e7a ou g\u00eanero, impactam diretamente em v\u00e1rios indicadores de engajamento. A conscientiza\u00e7\u00e3o aumenta, pois, a organiza\u00e7\u00e3o passa a conhecer melhor seu p\u00fablico interno e respeitar suas particularidades, ao passo que a pessoa entende melhor onde a empresa quer chegar. H\u00e1 um est\u00edmulo do compromisso quando existem metas estabelecidas em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 diversidade e aos programas de voluntariado. O sentimento de fazer parte, de pertencimento cresce, pois, as pessoas passam a se integrar melhor e trabalhar melhor em equipe, seja por que se construiu uma equipe com mais diversidade racial, seja porque se formaram times de volunt\u00e1rios. Acontece um substancial aumento do orgulho, pois todos passam a ter uma clareza de prop\u00f3sito e de que juntos est\u00e3o construindo algo relevante para a sociedade.\u00a0 E por fim com esses valores bem estabelecidos o compartilhamento \u00e9 afetado pela maior tend\u00eancia de ser porta-voz, de falar e divulgar positivamente as iniciativas da organiza\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
Quantos colegas negros trabalham com voc\u00ea? Quantos desses est\u00e3o em posi\u00e7\u00e3o de lideran\u00e7a? Um estudo feito pelo Instituto Ethos mostrou que a maioria desses profissionais ainda ocupam cargos mais baixos, como aprendizes (57%) e estagi\u00e1rios (28,8%). Em contrapartida, nos n\u00edveis de ger\u00eancia e executivos esse n\u00famero cai para 6,3% e 4,7% respectivamente, e ainda, chega a representar uma diferen\u00e7a de 94,2% entre brancos e negros no quadro executivo e 94,8% no conselho de administra\u00e7\u00e3o. O Instituto Ethos,<\/strong> o Centro de Estudos das Rela\u00e7\u00f5es de Trabalho e Desigualdades (CEERT)e oInstitute for Human Rights and Business (IHRB),\u00a0<\/strong>com o apoio do Movimento Mulher 360e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), deram origem a Coaliz\u00e3o Empresarial para Equidade Racial e de G\u00eanero a fim de impulsionar a promo\u00e7\u00e3o da diversidade e da igualdade racial e de g\u00eanero no mercado de trabalho.<\/p>\n A Coaliz\u00e3o Empresarial Nacional sobre Equidade de G\u00eanero e Ra\u00e7a pretende:\u00a0 Estimular a promo\u00e7\u00e3o da diversidade e da equidade racial e de g\u00eanero no mercado de trabalho, especialmente para reverter o cen\u00e1rio atual de sub-representa\u00e7\u00e3o em cargos de lideran\u00e7a;\u00a0 Engajar, mobilizar e articular empresas, poder p\u00fablico e sociedade civil para juntos promoverem pol\u00edticas, pr\u00e1ticas e a\u00e7\u00f5es mais inclusivas com foco em g\u00eanero e ra\u00e7a; Compartilhar e disseminar boas pr\u00e1ticas e inova\u00e7\u00f5es na promo\u00e7\u00e3o e gest\u00e3o da equidade de g\u00eanero e ra\u00e7a; Influenciar pol\u00edticas p\u00fablicas em um esfor\u00e7o coletivo para superar a discrimina\u00e7\u00e3o de g\u00eanero e ra\u00e7a; Disseminar pr\u00e1ticas e pol\u00edticas de enfrentamento a todas as formas de viol\u00eancias e discrimina\u00e7\u00f5es de g\u00eanero e ra\u00e7a no ambiente corporativo.\u00a0 E ainda, desenvolver alternativas para supera\u00e7\u00e3o das dificuldades enfrentadas pelas empresas. Sem d\u00favida, as possibilidades s\u00e3o muitas, e os dados est\u00e3o a\u00ed para comprovar a pot\u00eancia da diversidade, do voluntariado e do engajamento. Igualdade s\u00f3 se consolidar\u00e1 quando as medidas de equidade forem tomadas. O voluntariado nos permite participar ativamente dessa causa, promovendo mais oportunidades para todos. artigo Silvia Naccache\u00a0<\/strong><\/p>\n Saiba mais:<\/strong><\/p>\n \u00a0<\/strong>http:\/\/santocaos.com.br\/biblioteca-santo-caos.html<\/strong><\/a><\/p>\n
\nTrabalhar diversidade racial e voluntariado de maneira conjunta, portanto, pode potencializar ainda mais esses gatilhos de engajamento. J\u00e1 parou para pensar num grupo de afinidade racial podendo realizar a\u00e7\u00f5es volunt\u00e1rias em organiza\u00e7\u00f5es ou comunidades predominantemente negras? Ou, num movimento contr\u00e1rio, a conviv\u00eancia com grupos perif\u00e9ricos estimulando a cria\u00e7\u00e3o de um programa estruturado de voluntariado, com impacto social real e mensur\u00e1vel?<\/p>\n